O Brasil atravessa uma crise de confiança em suas
instituições. Corrupção, desperdício, aparelhamento e impunidade
desgastam o tecido da república. Diante desse cenário, surge uma
provocação: e se aplicássemos ao Estado os mesmos princípios de
governança que protegem e fortalecem as empresas familiares mais
longevas?
Empresas familiares de sucesso são aquelas que, além de gerarem riqueza,
atravessam décadas e passam de geração para geração com integridade e
coesão. O segredo? Governança. E talvez esteja na hora de inspirar a
gestão da coisa pública nesse modelo.
1. Princípios da Boa Governança: da Empresa ao Estado
A
governança corporativa se apoia em quatro pilares:
Esses princípios poderiam ser o alicerce de uma
nova cultura política, onde cada poder da República agisse como parte de
uma engrenagem que busca o bem comum.
2. Os Atores na Empresa
Familiar x Os Atores na Nação
Empresa Familiar |
Nação (Brasil) |
Proprietários / Sócios |
O povo |
Conselho de Administração |
Congresso Nacional |
Diretoria Executivo |
Poder Executivo |
Conselho de Família |
Sociedade Civil Organizada |
Auditoria e Compliance |
Poder Judiciário, Tribunais de Contas |
Se
numa empresa os sócios monitoram o desempenho dos gestores, por que o
povo não exerce esse papel com mais eficácia? Porque faltam instrumentos
de controle, informação acessível e cultura de responsabilidade.
3. A Falta de Planejamento Sucessório na Política
Em
empresas familiares, a sucessão é planejada com anos de antecedência.
Prepara-se o sucessor, define-se o perfil ideal, evita-se o colapso.
Na
política, cada governo que assume age como se herdasse uma terra
arrasada. Mesmo quando se trata de reeleição, a descontinuidade e o
improviso prevalecem. O resultado? Políticas públicas instáveis,
desperdício de recursos e desconfiança generalizada.
4. A Cultura de Confusão entre Propriedade e Gestão
Um
dos grandes avanços nas empresas familiares maduras é a separação entre
propriedade e gestão. O fato de ser herdeiro não dá direito a cargo.
No
Estado, porém, a lógica do apadrinhamento ainda prevalece. O político se
comporta como dono da máquina pública, loteando cargos e verbas. O
resultado é a perda de competência e a degradação dos serviços.
5. O Papel do Povo como "Sócio" da República
Numa empresa, os sócios exigem resultados. No Estado, o povo deveria
exercer esse papel. Mas está desmobilizado, descrente ou cooptado por
narrativas ideológicas.
É
urgente restabelecer instrumentos de voz, voto e veto. É preciso uma
educação cidadã que forme "sócios" conscientes, não apenas torcedores ou
consumidores de promessas.
6. O Judiciário como Auditor ou Protagonista?
O
papel ideal do Judiciário seria o de garantir a conformidade legal e
proteger direitos. Mas temos visto um crescimento do ativismo judicial,
com decisões que invadem o campo das escolhas políticas.
Assim como nas empresas há limites para a atuação dos auditores e
conselheiros fiscais, também deveria haver para o Judiciário: atuar com
isenção, mas sem substituir os demais poderes.
7. Caminhos Possíveis
Conclusão
Governança não é um conceito restrito às empresas. É um instrumento de
civilização.
O
Estado brasileiro precisa urgentemente de uma revolução silenciosa e
profunda: uma cultura de governança que una responsabilidade, eficiência
e respeito ao povo.
Talvez seja a hora de aprendermos com as famílias que, com sabedoria,
atravessam décadas sem perder seus valores, seus negócios e sua
essência. Afinal, uma nação também é, em seu coração, uma família
gigantesca. E precisa ser tratada como tal.
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